A convergência da tecnologia tem sido uma característica constante no setor há décadas. Com os recentes progressos tecnológicos, o ritmo de convergência acelerou significativamente dando origem a novos conceitos como ‘Cidades Inteligentes’ e ‘Nações Inteligentes’, bem como novos tipos de produtos, como a Internet das Coisas (IoT, segundo sua sigla em inglês). O setor penitenciário também não é poupado da convergência tecnológica. Assim como em outros setores, a tecnologia no sistema penitenciário pode ser dividida em duas categorias principais: Tecnologia da Informação (TI) e Tecnologia Operacional (TO).
Os sistemas de TI são implementados para permitir que as organizações penitenciárias reúnam e gerenciem informações sobre os infratores de forma mais produtiva, eficaz e eficiente, resultando em melhores processos e melhor gerenciamento de casos de infratores. Os sistemas de TI geralmente são sistemas desktop no escritório onde os funcionários acessam informações sobre o infrator, suas necessidades e sobre o tratamento prestado. E-mails e outras ferramentas de colaboração também foram implementados para melhorar o fluxo de trabalho e a produtividade.
Simultaneamente, também são implementadas diferentes tecnologias para apoiar a gestão da operação na prisão. Essas tecnologias abordam as necessidades em tempo real para garantir a tranquilidade nas operações, proteção e segurança dentro das instalações prisionais. Esses sistemas de TO, como fechaduras eletrônicas, câmeras de vigilância e comunicações de rádio, estão facilitando as gestão das operações e, muitas vezes, são gerenciados pela equipe de segurança local ou especialistas dedicados.
Diversos presídios ao redor do mundo já embarcaram em uma jornada de convergência, pois já estão usando computadores para controlar portas, portões e outros elementos de segurança, que proporcionam melhor consciência situacional e controle operacional. Normalmente, esses sistemas são chamados de ISMS (Integrated Security Management Systems, sistemas de gerenciamento de segurança integrados). Entretanto, a maioria dos sistemas de TO ainda são projetados e entregues como pacotes autônomos com integração limitada ou inexistente com outros sistemas de TO ou TI.
Analistas (Pettey, 2017) dizem que os benefícios derivados do gerenciamento da convergência entre TI e TO incluem processos otimizados, informações aprimoradas para melhores decisões, custos reduzidos, menores riscos e prazos de projetos reduzidos. Além dessas melhorias potenciais que a convergência e integração de TI e TO poderem trazer, a evolução tecnológica atual já está forçando os gestores de TI e TO a iniciar a conversa sobre como manter os sistemas seguros e atualizados.
Este artigo explora como os mundos de TI e TO estão convergindo rapidamente e os benefícios potenciais que poderiam ser obtidos ao reuni-los no sistema penitenciário. Em um contexto em que a TO é tradicionalmente utilizada para limitar, controlar movimentos físicos e monitorar o comportamento das pessoas, analisaremos como as recentes evoluções tecnológicas combinadas com um melhor alinhamento e integração de TI/TO poderiam ser aproveitadas como facilitadoras para a inovação penitenciária.
Tecnologia Operacional
Quando Gartner (2011) utiliza o termo tecnologia operacional, ele se refere principalmente a um mundo independente, de tecnologia orientada a equipamentos físicos, desenvolvida, implementada e respaldada separadamente da organização de TI. Consiste em hardware e sistemas de software de suporte que gerenciam, monitoram e controlam dispositivos físicos e os processos operacionais aos quais apoiam. A TO é encontrada principalmente em indústrias que administram infraestruturas críticas, como água, petróleo e gás, energia e serviços públicos, mas também na fabricação automatizada, processamento farmacêutico, defesa, segurança pública, tráfego & transporte, além de ser fundamental na gestão de edifícios e sistemas de controle.
Tradicionalmente, sistemas de TO e sistemas de TI são de diferentes tradições. Como esperado, os sistemas de TO são desenvolvidos usando seus próprios dispositivos, padrões e protocolos. Este mundo da TO tem seus próprios engenheiros e operadores que estão usando uma linguagem específica com termos como PC[1], PLC[2], DCS[3], SCADA[4], SIS[5], ICS[6]. Na maioria das organizações, a responsabilidade de gerenciar e manter esses sistemas é realizada por divisões separadas e muitas vezes há um entendimento limitado fora do que eles estão fazendo e como tudo funciona.
Essa situação não é incomum em organizações penitenciárias: a maioria dos sistemas de TO utilizados nas prisões foi implementada para apoiar um dos objetivos mais importantes: proporcionar controle de segurança e um ambiente seguro e protegido, tanto para os presos quanto para os funcionários.
As importantes funções que os sistemas de comunicação, CCTV, Controle de Acesso ou Detecção de Perímetros estão desempenhando na gestão prisional moderna não podem ser subestimadas na forma como permitem a vigilância contínua, o gerenciamento e controle de movimentos e atividades e as comunicações internas em uma prisão com um número reduzido de funcionários operacionais.
No entanto, a gestão dessas tecnologias, bem como o conhecimento sobre elas é, em muitas jurisdições, de propriedade apenas de alguns especialistas ou mesmo completamente terceirizada. As habilidades necessárias são muito diferentes das de TI e, como tal, a maioria das organizações de TI está mal equipada para gerenciá-las.