Fazendo a prisão e a liberdade condicional funcionarem

Artigo

Francis Toye

Imagine por um momento que você é responsável pela operação de tecnologia da informação (TI) em um serviço penitenciário para cerca de 10.000 presos e um número semelhante de funcionários. 

Quais são suas prioridades para o investimento em tecnologia? Como você faz as escolhas? Que grau de risco você pode correr? E a segurança do software? Deve ser desenvolvido internamente ou encontrar um fornecedor externo? 

Como chefe de TI (de sua sigla em inglês – CIO) de um Departamento de Justiça, você enfrenta uma série de escolhas desconcertantes. Mas isso é uma quimera. O risco de falha torna real a possibilidade de procrastinação e é por isso que talvez hoje muitos departamentos penitenciários tenham um grande software de sistema que foi desenvolvido há vinte anos ou mais. 

Tenha certeza, se o sistema é executado no MS-DOS (1985) hoje, você não está sozinho; pelo menos você não tem hacking remoto. É realmente desafiador desenvolver os serviços de TI em prisões. 

Por um lado, o rápido desenvolvimento de TI fora do contexto penitenciário exerce grande pressão, e, por outro, os orçamentos, os políticos, o público e os riscos de comprometer a segurança combinam-se para criar um ambiente onde a mudança é difícil de alcançar, se não completamente indesejável. 

Fora do cárcere, as empresas comerciais desenvolvem produtos para comunidades que chegam a bilhões, mas estes são projetados para serem usados facilmente pela população em geral. 

Eles não foram projetados para o ambiente penitenciário. Assim, por exemplo, Zoom ou Skype são ótimas ferramentas de trabalho ou para conversar com seus netos, mas não são adequados para o ambiente restrito da prisão. 

Por exemplo, as chamadas podem ser monitoradas? O sistema pode ser definido apenas para permitir visitantes aprovados? As crianças podem ser restringidas em alguns casos e permitidas em outros? É a razão pela qual os produtos especializados são necessários e é apenas mais um exemplo dos desafios enfrentados pelo CIO da Justiça. 

Então, é sempre útil ler artigos de presos sobre sua experiência de tecnologia prisional. Aqui está um pequeno artigo de um detento no presídio de Northumberland (na Inglaterra), escrito antes da COVID-19:

“ Quando fui transferido para a unidade prisional de Northumberland, fiquei tão feliz em ver um quiosque da Unilink. 

Nas unidades prisionais onde estive anteriormente, meus amigos falavam de como os quiosques tornavam tudo muito mais fácil e reduziam nossa frustração e a raiva. E eles não estavam errados! 

Eu pude ver pessoas assumindo o controle de suas vidasacessando informações em tempo real através dos quiosques, que mostravam informações sobre sua renda, suas tarefas de trabalho, suas visitas e assim por diante. 

Foi como ir do apagão de informações – que é a realidade de todas as outras penitenciárias – onde as coisas acontecem aleatoriamente e você não sabe o que está acontecendo, para um lugar onde você sente que você importa. 

No quiosque, eu acesso minha agenda semanal, posso confirmar se meu salário foi devidamente pago e consigo ver os nomes das pessoas que vêm me visitar na próxima quinta-feira. 

O contraste entre uma prisão com e sem quiosques é como noite e dia. Muito se fala de como a penitenciária faz um homem melhor, mas realmente a prisão fará o seu melhor para institucionalizar a pessoa, tornando-a dependente do cárcere para tudo: comida, trabalho, dinheiro, ar fresco, livros de biblioteca etc. E, mais importante, informação. 

É difícil ter um senso de autoestima quando não se tem ideia do que está acontecendo, nem a capacidade de gerenciar as coisas e há pedaços de papel continuamente perdidos e presos no sistema

Depois de um tempo, pode ser desumano lutar contra uma enorme máquina de engolir papel que, rara e aleatoriamente, cospe um resultado que provavelmente é diferente do solicitado. 

Portanto, imagine um quiosque onde todas as informações vitais estão dispostas ali na sua frente, ali mesmo; e então você pode apertar botões para organizar visitas, se candidatar a empregos e tudo mais.

É como saltar do Pony Express de 1860 para o smartphone de 2020, tudo em um salto gigante. É o sentimento de libertação e empoderamento que restaura o orgulho de um homem e lhe dá esperança de que ele possa passar por sua sentença e sair uma pessoa melhor, que existe esperança. ” 

Para além de reduzir a frustração dos presos e, portanto, a sua automutilação e violência, os quiosques também beneficiam a prisão em termos do trabalho administrativo burocrático realizado “nos bastidores” pelo serviço de apoio prisional, para que os agentes penitenciários da linha da frente passem menos tempo ouvindo os detentos pedido ajuda para alguma coisa e, depois, ligando para os escritórios administrativos para tentar resolver suas questões

Por conseguinte, a instalação de um sistema de quiosques poupa recursos financeiros das unidades prisionais e permite aos agentes penitenciários concentrarem o seu valioso tempo na ressocialização e não na administração. 

Outro benefício para os gestores é que eles próprios trabalham frequentemente num vácuo de informação, desconhecendo o que está acontecendo na linha da frente da prisão. Contudo, é esta linha de frente que faz a diferença entre o sucesso e o fracasso.

No presídio de Northumberland, a (companhia gestora) Sodexo fez grande uso da função de questionários que faz parte dos quiosques disponibilizados aos detentos.

Essa função permite à prisão criar um questionário, seja curto ou longo; nesta unidade foi perguntado aos 1.100 prisioneiros a sua opinião sobre como a prisão está funcionando e quais são os problemas.

“ Enquanto eu estava cumprindo pena, fomos questionados sobre oferta de academia, educação, qualidade da alimentação, quão seguros nos sentimos e outras perguntas. Apenas o fato de me perguntarem opinião, ter tido oportunidade de responder e sentir que nossas vozes foram ouvidas, aumentou nosso senso de autoestima. “

As pesquisas por questionário são uma forma consistente de minimizar os efeitos insidiosos da institucionalização. 

Espera-se que os presos saiam das prisões ressocializados e prontos para serem membros produtivos da sociedade em termos de trabalho, moradia, família, finanças e habilidades pessoais. 

Em tempos de austeridade e população carcerária recorde, os autoatendimentos eletrônicos, através de quiosques ou dispositivos nas celas, podem ser um enorme multiplicador de força no arsenal dos diretores de prisões.

Francis Toye

Francis Toye

Ajudando as prisões e as alternativas penais a funcionar: para os infratores, para os servidores, para a sociedade. 

A Unilink é especializada em soluções inovadoras para setores da justiça criminal em todo o mundo. A reputação da Unilink foi construída com mais de vinte anos de experiência em sistemas de gerenciamento de casos para liberdade condicional, sistemas de gerenciamento em prisões, aplicações biométricas, soluções de autoatendimento e comunicações. Todas as soluções da Unilink são criadas com contribuições diretas de profissionais do setor e aprendizados dos mais de 200 estabelecimentos que utilizam um produto Unilink. Pesquisas independentes da Universidade de York mostram que o software de autoatendimento da Unilink contribui significativamente para a ressocialização e o funcionamento de prisões de forma eficiente. O sistema está bem comprovado e testado, com mais de dois bilhões de transações realizadas pelos detentos. O vasto portfólio de soluções comprovadas da Unilink sustenta a transformação digital em administrações penitenciárias em todo o Reino Unido, Noruega, Áustria, Holanda, Austrália e Nova Zelândia. 

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