Ninguém fica para trás – Reflexões sobre a gestão da crise da COVID-19 nas prisões

Quando (a COVID-19) bate, bate forte e tira todo o seu fôlego.

Você diz a si mesmo que isso não vai acontecer no estabelecimento penitenciário que você administra porque fez tudo ao seu alcance para evitá-la. Você acha que tem tudo o que precisa para lutar contra a pandemia. No entanto, ela se abate sobre você.

Você pode ter que enviar para casa 40% do pessoal ativo em poucas horas. Você tem que aprender rapidamente que “contato“, uma palavra bastante genérica até aquele momento, tecnicamente significa na terminologia do Serviço Médico do Condado: “a pessoa que esteve na presença de alguém infectado por mais de 15 minutos a menos de 1,5m e sem equipamento de proteção“.

De repente você se torna conhecedor de assuntos que não foram ensinados na Escola Penitenciária, como a gestão de uma prisão em tempos de pandemia. Você se dá conta de que, nesta crise, pessoas que você pensou serem seu ponto de sustentação têm medos e ataques de pânico, reações normais de se ter neste tipo de situação. Você deve dizer a elas que ainda confia nelas.

Mais importante, você precisa dizer a elas que vivemos (mais da metade em nossa vida ativa), trabalhamos (pelo menos por duas décadas) e sofremos (o mínimo possível) JUNTOS!

E não se esqueça dos outros atores nesta situação – os usuários de nossos serviços. É necessário ter cuidado para abordar o que aconteceu em outras prisões. Que a propagação da infecção no interior das penitenciárias pode se tornar um o inferno.

Eu vivenciei algo semelhante há 23 anos em outra prisão – uma intoxicação dos presos por metanol. As consequências foram mortes, envenenamentos graves, ambulâncias entrando no meio da noite na penitenciária. Você continua repetindo para si mesmo: isso não pode acontecer aqui.

DISTANCIAMENTO – ISOLAMENTO – TESTE

Esta foi a matriz que usei, e funcionou. Não sendo epidemiologista, eu era cético sobre as mensagens generalistas a respeito das medidas de proteção. No entanto, quando isso acontece sob sua supervisão, você se apega desesperadamente a cada mensagem e recomendação, na esperança de que isso ajude. Positivamente surpreso, descobri que seguir essas recomendações funciona.

Distanciamento funciona: Limitar a disposição de grupos à mesa, no espaço de trabalho, mesmo em apresentações é uma medida que ajuda. Quando transforma o ginásio em um espaço de escritório para os seus colegas ou planeja servir refeições em uma série de até cinco pessoas, isso ajuda. 

O isolamento funciona: Encaminhar 59 colegas diretamente para o isolamento (45% número total de agentes penitenciários) pode te prejudicar. Você tem a mesma quantidade de trabalho, mas tem 45% menos pessoal. Portanto, você fica feliz quando o serviço médico municipal diz que tem espaço de isolamento para apenas dez de seus colegas. Você pode respirar e há esperança. 

Testagem funciona: Tomei imediatamente a decisão. Era difícil pedir a um homem que estivesse trabalhando firme por 14 dias sendo avaliado a cada resfriado, tosse ou nariz entupido. Foi difícil justificar o motivo de testar apenas dez colegas (aqueles isolados no Serviço Médico do Condado) entre 150.

A decisão que tomamos de testar todo mundo mostrou que a pressão sobre as pessoas muda. Fiquei satisfeito com o alívio deles. Você se sente seguro para trabalhar em um ambiente limpo e fica tranquilo com o fato de que se seguir as regras as coisas funcionam. Por isso, decidimos comprar mais 150 testes de PCR. Vale a pena; ajuda a equipe a compreender  que se eles têm um problema, há esperança.

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Na Escola Penitenciária, eu tinha um comandante que tinha uma expressão: – “capacete – máscara!” Depois de um quarto de século que comecei trabalhar aqui, sou colocado em uma situação semelhante: “Máscara, luva e capa“. Use-os 100% das 12 horas do seu turno e será o melhor para todos.

No final, estamos lidando com um vírus, mas somos uma equipe

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Dorin Muresan é atualmente diretor da penitenciária de Dej, na Romênia e ex-vice-diretor geral do Serviço Penitenciário da Romênia. Membro da Associação Internacional de Serviços Prisionais e de Correção (ICPA, por sua sigla em inglês) e Co-Presidente da Rede de Formação e Desenvolvimento de Pessoal dentro do ICPA. Dorin foi o coordenador do “projeto de e-learning” para os agentes penitenciários romenos e coordenou o desenvolvimento do projeto de telemedicina no serviço prisional romeno.  Com 24 anos de experiência profissional, 23 anos de experiência em penitenciárias, 7 anos como especialista em projetos, gestão, carreira e sistema prisional e 8 anos de experiência em gestão sênior, presta consultoria para serviços prisionais pós-conflito, como Líbia, Iraque e Moldávia.

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